Saturday, December 23, 2006

Amanhecer

Minha cabeça amanheceu em branco
meu coração amanheceu vazio
meu corpo despertou no tranco
minha ereção, apenas o tesão do mijo.
Meus olhos amanheceram inchados
meu peito amanheceu cansado
meu estômago acordou revolto
minhas dúvidas assim seguiram, abertas.
Meus pés amanheceram esquerdos
meus membros despertaram lerdos
meu coração amanheceu doendo
e meus pulmões acordaram tossindo.
Minha vizinha amanheceu gemendo
e seu cachorro despertou latindo.
O novo dia amanheceu nublado
como a memória de uma noite bêbada
meu coração amanheceu chorado
não aguenta mais viver nessa tristeza.
E acordei sozinho nesse frio
e levantei para enfrentar o dia
de horas lentas e afazeres mil
zero importância, e valor vazio.
Bocejei para espantar o sono
e fiz cafe pra alimentar o corpo
li as manchetes pra seguir ciente
celebrei o mundo a beira do abismo.
Me senti imundo e fui tomar um banho
Me descamei assim de toda pele morta
Me lavei assim de todos meus pecados
cicatrizes, cortes e meus machucados
Limpei a alma e perdoei o passado.


Grecco Buratto

24 de Março de 2005

Friday, December 22, 2006

Amargo e Doce

Parece que o destino insiste
em nos reaproximar
Mesmo quando
Quase tudo foi dito
E já não há
Muito mais pra se falar

É como dizem :
A vida anda mesmo em círculos
O mundo
Dá mil voltas
Sem sequer sair do lugar

E o que ficou do passado
Foi pra habitar a memória
Um sentimento tão triste
E ao mesmo tempo tão belo
E o que sobrou do que éramos
Foi pra contar a história
Das amizades que ficam quando o amor vai embora.

Parece que o espelho insiste
Em me desatualizar
Mesmo quando
Quase tudo foi visto
E já não há muito mais pra se olhar

É como dizem:
A vida é uma só e é curta
Mil caminhos
E portas
Que levam sempre ao mesmo final

E o que ficou do passado
Foi pra habitar a memória
Um sentimento tão triste
E ao mesmo tempo tão mágico
E o que sobrou do que éramos
Foi pra causar uma lágrima
Pela amizade que nasce do amor de outrora


Como as estrelas que povoam este céu
Que ainda brilham mas que não existem mais
Como as letras que coloco no papel
Morrem palavras pra que possamos nos salvar
É a lembrança dos teus lábios junto aos meus
O gosto amargo e doce desse poema de adeus


Grecco Buratto

1 de Abril de 2005